quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Um pequeno (grandioso) guia de saúde!

(Elaborado pelo Dr. Mauro Anselmo Alves – Veterinário - CRMV-SP 5802)

Dicas, cuidados e algumas atitudes que podem salvar o seu cão em emergências, não deixem de ler!

Para facilitar, dividimos esta orientação em três fases: FILHOTES, ADULTOS e MELHOR IDADE.

FILHOTES

A saúde do filhote começa no ventre da mãe!

Filhotes de ninhadas saudáveis, criados em um ambiente tranqüilo, via de regra, são saudáveis. Sinais como olhos brilhantes, ausência de secreções em nariz e ouvidos, boa disposição e apetite, indicam um filhote saudável.
O acompanhamento veterinário nos primeiros seis meses é fundamental.
A base da alimentação de um filhote deve ser uma boa ração (hoje dispomos no mercado de várias marcas e de produtos para todas as condições econômicas) a escolha deve ser feita sob orientação de seu veterinário, evitando fazer mudanças bruscas de marcas ou tipos de ração. E lembre-se: usar alimentos destinados a consumo humano e misturá-los a ração não é uma prática recomendável, nem deixar os alimentos à disposição por longos períodos.
Cães têm o trato digestivo próprio para digerir grandes quantidades de alimento por vez, por isso não se deve deixar alimento à vontade para eles, pois não têm noção da quantidade certa. Devemos dar a um filhote 3 ou 4 refeições por dia e deixar este alimento disponível por um período não maior que 20 minutos. Caso ele não coma tudo, devemos retirar as sobras e nenhum outro alimento deve ser dado nos intervalos entre as refeições caso ele não tenha comido.
As quantidades de alimento por refeição variam quase que individualmente, mas, como regra geral, podemos tomar como medida, calcular o volume de ração por refeição, dividindo o volume de metade do tamanho do crânio por dois. Isto preencherá as necessidades de cada refeição de seu filhote. Nas embalagens dos alimentos existem tabelas que correspondem à idade, peso e quantidades em gramas de ração por dia, siga-as corretamente, pois são calculadas em razão das proteínas necessárias a cada cão.
Claro que todas as vezes que você for comer seu filhote vais se interessar pelo que está comendo. Você deve resistir “bravamente” à tentação de dividir petiscos com ele.
Nos intervalos das refeições de um filhote que se alimenta bem, podemos agregar à dieta dele: frutas (restrinja as quantidades), legumes crus, queijo branco ou ainda uma infinidade de petiscos criados para cães e que podem ser dados desde que com bom senso. Esses petiscos não devem alterar o balanceamento dado pela ração. Então evite ser exagerado. Não esqueça ainda de garantir uma vasilha com água limpa e fresca sempre à disposição de seu filhote.



HIGIENE

Os banhos podem ser dados em qualquer cão e em qualquer idade desde que alguns princípios sejam seguidos:
- os cães não podem e nem devem sofrer bruscas mudanças de temperatura sob risco de resfriarem-se;
- a água do banho deve estar à temperatura ambiente;
- os cães têm que, obrigatoriamente, serem bem secos após o banho.

Com isso, evitamos os resfriados e o mau cheiro.

Independente de qual meio usado, a escovação de seu cão talvez seja o método mais indicado para renovação e garantia da saúde de seu pêlo. Escolha a escova adequada para cada raça e a forma e freqüência da escovação devem ser aquelas que se ajustem ao seu modo de vida. Tem que ser uma atividade regular, pois além de garantir um aspecto agradável, trará momentos de alegria para você e seu cão.
Os olhos dos cães têm uma natural secreção de lágrima e se ela estiver exagerada ou surgirem sujidades você pode limpá-los com uma gaze embebida em soro fisiológico gelado.
Os dentes também devem ser escovados semanalmente, com escovas e cremes dentais apropriados, evitando-se desta maneira a formação de placa bacteriana (tártaro) e o mau hálito. (Existe no site um tópico especial a respeito do cuidado bucal)
Os ouvidos devem ser inspecionados e limpos pelo menos uma vez por semana, caso o volume de secreções aumente ou tome cores diferentes, uma visita ao seu veterinário é fundamental para resolver o problema. Existe no mercado uma enorme quantidade de loções para higiene auditiva e elas são muito úteis. Não esquecendo que devemos limpar os ouvidos na região onde enxergamos e nunca utilizar instrumentos de inspeção para o conduto do ouvido (deixe isso para seu veterinário!).
Para a prevenção de doenças infecto-contagiosas, converse com seu veterinário para saber qual procedimento será usado no caso de seu filhote.

DOENÇAS

Cinomose: doença viral de alto contágio, de distribuição mundial, atingindo cães em todas as idades e causando um quadro neurológico de caráter irreversível, com seqüelas tais como: paralisias, tiques nervosos, convulsões, falta de coordenação motora permanente e etc. A contaminação dá-se por contágio direto cão a cão (ou com as secreções). A vacinação periódica garante proteção efetiva.

Parvovirose: doença viral de alto contágio, de distribuição mundial, atingindo cães de todas as idades, com predominância de filhotes, em que se observa um quadro de infecção gastrointestinal severo, com vômitos intensos e diarréia sanguinolenta, desidratação séria e que causa a morte de percentual elevado de acometidos. A transmissão se dá cão a cão. A vacinação periódica garante proteção efetiva.

Raiva: doença viral aguda e que depende da inoculação do vírus na corrente circulatória. Pode passar para o homem (zoonose) e a transmissão ocorre pela mordida de cães doentes (ou ainda de gatos ou morcegos hematófagos) em cães saudáveis e seu controle é efetivo pela vacinação anual dos cães. O quadro da doença em si é neurológico e passa por fases de hidrofobia (medo de água), salivação intensa, paralisia, “cegueira” e morte.
A doença não tem cura nem em cães nem em pessoas.

Tosse dos canis: Doença mista viral e bacteriana com aspecto zoonótico (pode passar para pessoas imunodeprimidas) com quadro respiratório agudo, com ou sem descarga nasal ou oral de catarro ou muco e de ocorrência maior nos meses mais frios. A vacinação é bastante efetiva.

Leptospirose: doença infecto-contagiosa de origem bacteriana, transmitida pelo contato com urina de ratos contaminados com a bactéria. Até onde se conhece, existem mais de 20 tipos ou sorovares de leptospiroses que podem acometer os cães e trata-se de Zoonose (passa ao ser humano). Para ser infectado há a necessidade do contato da urina contaminada, com as mucosas ou pele ferida. A doença causa um quadro de infecção nos rins e fígado e leva a maioria dos cães à morte. A vacinação contra os sorovares ictero-hemorrágica e canícola preenche uma proteção bem segura contra a doença mais evidente em nosso país.

VACINAS

As vacinas devem receber reforços segundo o esquema:
Entre seis e oito semanas: V8 + anti-tosse
Após 21 dias: V8 + anti- tosse
Após 21 dias: V8 + anti-tosse + anti-rábica
Reforços anuais: V8 + anti-tosse + anti-rábica

Nos locais onde a leptospirose for um problema mais sério, intercalar uma dose de vacina contra leptospirose a cada seis meses.

Além disso, um bom e efetivo controle de parasitas intestinais através de exames periódicos de fezes com a administração de medicamentos apropriados é ideal.
Temos, ainda, o controle de parasitas externos como pulgas e carrapatos com o uso de preventivos mensais, assim como a prevenção do verme do coração (dirofilariose) que também deve seguir um esquema de controle.

Outro assunto a ser tratado é sobre a reprodução de seu filhote. Se a decisão de você como proprietário é não querer reproduzir seu cão, converse com seu veterinário sobre as vantagens da castração precoce, que deve ocorrer antes da puberdade.

Completada a fase de vacinação leve seu filhote para passear sempre atrelado a uma guia segura e procure orientação para treiná-lo.

Todas estas medidas devem garantir ao seu filhote um ingresso na vida adulta sem problemas.


SAÚDE DO ADULTO

A alimentação deve receber atenção especial quanto ao volume de calorias a fim de evitar ter um cão obeso ou subnutrido. Cuidado com as suplementações sem orientação veterinária, pois elas podem levar o seu cão a desenvolver doenças metabólicas.
Os passeios devem ser regulares e evite deixar seu cão sedentário ou com tédio por falta de atividades.
Sua pelagem deve receber atenção redobrada nos meses de muda de pêlo e uma visita veterinária anual pelo menos para reforços de vacinas deve ser garantida.
Algumas doenças genéticas da sua raça devem ser investigadas antes dos dois anos e antes de se pensar em reproduzir.

SAÚDE NA MELHOR IDADE

Após os seis ou sete anos os cães iniciam um processo de envelhecimento natural da espécie e alguns detalhes são importantes para garantir sua longevidade com qualidade.
A alimentação deve ser apropriada com maior aporte de fibras, menor quantidade de proteínas e de calorias e o incremento de glucosamina e condroitina ajudam a retardar o envelhecimento. Os passeios e a vida não sedentária ajudam a manter o equilíbrio e o bem estar do cão nesta fase.
Uma visita anual ao veterinário com a realização de exames preventivos possibilita a prevenção de doenças degenerativas como os tumores, doenças cardíacas e as artroses por exemplo.
A vacinação anual continua sendo recomendada, principalmente em nosso meio, onde pouco se pratica a medicina preventiva. Uma revisão periódica nos dentes, olhos e ouvidos, previnem o mau envelhecimento de seu cão.

EMERGÊNCIAS

Enquanto o veterinário não vem, há algumas situações em que a ação imediata do proprietário pode significar a diferença entre a sobrevivência ou não de seu cão.
Os principais objetivos numa emergência são: manter o cão vivo até chegar a um ponto de assistência, prevenir o sofrimento desnecessário e controlar o agravamento da causa.
As regras numa situação de emergência são: manter a calma, contatar um veterinário o mais rápido possível, prevenir mais acidentes, controlar possíveis hemorragias e garantir a respiração do cão.


ACIDENTES MAIS COMUNS

Choque, como o nome diz, é uma situação repentina e que tem as causas mais variadas: choque elétrico, atropelamentos, queimaduras severas, excessos de calor ou de frio, parada cardíaca, envenenamento, picadas de insetos, de cobras ou aranhas e desidratação aguda.
Os sinais mais comuns são os desmaios, fraquezas, mucosas pálidas, extremidades frias, pulso fraco e a respiração curta ofegante e rápida.
Imediatamente tente manter a calma, escute o coração do cão e contenha alguma possível hemorragia. Mantenha o animal seguro e confortável e leve-o ao veterinário o mais rápido possível.
Os acidentes de trânsito são muito comuns e na maioria, se não causam a morte súbita, levam o cão a um estado de choque. Com ou sem fraturas e hemorragias sempre leve-o a um veterinário assim que possível. Podemos usar um cobertor ou uma toalha como se fosse uma maca, que deve ser deslizada para baixo do cão sem grandes movimentos bruscos. Se a respiração estiver mantida e você tiver como, faça uma “mordaça” evitando levar uma mordida em virtude de dor de fraturas ou lesões traumáticas.
Outro caso interessante é a obstrução da boca e vias respiratórias por objetos como brinquedos e bolas que se instalam na boca do cão impedindo-o de respirar, imediatamente deite-o de lado e remova o mais rápido possível!
Os afogamentos podem ser socorridos removendo o cão de dentro da água, de preferência com a cabeça mais baixa que o resto do corpo e massageando as costelas do cão, com compressões a cada cinco segundos (vigorosas e firmes).
A presença de sangue, vômito ou excesso de saliva podem obstruir a passagem do ar durante um acidente, vire a língua dele para o lado, tentando remover o máximo de secreções possível, restabelecendo a passagem de ar.
No caso de seu cão apresentar uma convulsão, não dê nenhum medicamento a ele! Coloque-o num lugar seguro evitando mais acidentes, num local mais calmo e sem muita luz. Quando cessarem os sintomas leve-o imediatamente ao pronto-socorro veterinário para receber medicação adequada.
Nos casos de envenenamento podemos tomar algumas medidas iniciais, caso saibamos o agente causador. Se for, por exemplo, um agente corrosivo, podemos administrar a clara de um ovo ou carvão imediatamente após a ingestão. E logo em seguida procurar assistência veterinária.
Se não conseguir identificar a substância causadora, evite medicar o cão para evitar sobreposição de agentes que poderão mascarar o diagnóstico da intoxicação.
Caso o agente seja não corrosivo e você possua a embalagem desta substância, leve-a consigo ao veterinário, pois isso ajudará no atendimento.

Seu BOM SENSO pode diferenciar o fim de uma situação dessas então use-o!